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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Imaginação de uma Criança


Saí do trabalho, na Dantas Barreto, me dirigi até a Praça do Diário (Recife – centro) e segui, ladeando a praça, sentido rua do Imperador quando fui abordada por um garoto que aparentava entre oito e nove anos. O Menino sorria saltitante e me chamava: - Ei Elizame! – Ei Elizame Freitas!
Fiquei intrigada porque era chamada pelo nome e não tinha recordação de conhecer aquela pessoinha de lugar algum. Como o pirralho insistia no chamado e sempre sorridente resolvi indagar de onde ele me conhecia e como sabia o meu nome.

Ele me presenteou com um sorriso maroto, apontou para o meu lado esquerdo dizendo: - Olha aí!

Foi quando me dei conta que tinha me esquecido de retirar o crachá antes de sair para o almoço.

Não me fiz de rogada e indaguei em tom de admiração: - Então você sabe ler?

O guri se empolgou e respondeu em tom de satisfação: - Sei sim, leio tudo!

- Que bom, respondi. Então você é dos alunos que não faltam às aulas.

- Falto não! Eu fico na rua mais... na hora da escola eu vou!

- Você está de parabéns; pontuei e segui meu caminho. Todavia a figurinha me acompanhou e eu percebi que queria continuar a conversa. Confesso que fiquei satisfeita com a companhia; então perguntei se ele gostaria de continuar falando do assunto.

Foi quando ele me colocou a par de sua verdadeira intenção: - Tia me arranja um lanche legal!

Ih! Eu ponderei: - não sei se disponho de trocados aqui (eu pagava meu almoço com vale refeição).

Ele olhou para mim com um riso duvidoso e apontou para minha bolsa gorda de tantos papéis referentes a coisas a resolver no intervalo do almoço enquanto indagava: - E essa bolsa cheia de dinheiro?

Num lance de pensamento sobre o que acontecia, entendi que na percepção daquela criança necessitada o adulto tem a solução do seu problema e na sua fantasia toda gordura da minha bolsa era dinheiro. Foi quando me lembrei de que naquele dia tinha levado mais de um vale. Abri a bolsa sob a vista curiosa do pequeno para que ele visse o que havia lá. Esclareci que eram papéis de coisas que eu ia resolver. Enquanto isso: procurei os veles e explique para que serviam, inclusive o quanto valia cada um deles.

Ele acompanhou atento, toda explanação numa expectativa sem limites.

Finalmente dei um dos vales avisando que aquele papelzinho dava para ele lanchar duas vezes e que ele só ia ganhar porque estava estudando de verdade..

A reação foi inesperada. Num impulso que entendi ser de alegria, assisti pulos e gritos de satisfação.


- Ê! Ê! Ê!... Ganhei...


Concluí que quem ganhou o presente foi eu porque não é todo dia que assistimos uma explosão de alegria daquela natureza.


Imagem: https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1422&bih=776&

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