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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Augusto Deus Jeová


NINA CONTA O ENTENDIMENTO “REAL”

Em cumprimento ao costume sabático; toda família encontrava-se na igreja para a aprendizagem e os cânticos de louvor iniciados exatamente às nove horas.
Naquele dia, em especial, a questão crucial que me atormentava os pensamentos teve mais um reforço ao ouvir todos os membros da nossa comunidade cristã evangélica entoar com todo entusiasmo um hino de exaltação ao Criador, no qual uma das estrofes continha uma frase que me incitava uma angustiante dúvida.
A curiosidade dos cinco anos de idade não deixava passar em “brancas nuvens” tamanha injustiça!
Aplicava então os ouvidos para me certificar do que ouvia.

“AUGUSTO DEUS JEOVÁ, CÉU TERRA E MAR FORMOU...”

Ao final do culto, com a paciência no limite, arrisquei-me a perguntar.
Pai e mãe presentes; indaguei: - Pai, por que o nome de seu Augusto está nos hinos de Deus e nem o do senhor nem o de mãe estão? - Não é pecado beber cachaça?

Ora, afinal, seu Augusto era o ébrio da vila e muitas vezes, era encontrado a dormir ao relento porque não tinha condições de chegar em sua casa devido ao estado de embriaguez. Como poderia ter um lugar especial no louvor?

A resposta não foi convincente porque, ao final, Augusto se referia ao próprio Eterno.
Passados alguns meses, meu pai receberia algumas pessoas durante uma festividade popular. Para recepcionar os amigos foram preparadas algumas guloseimas e um “vinho de maracujá”.
Como se tratava de bebida forte, as crianças foram avisadas de que não deveriam tomar porque aquilo poderia deixá-las embriagados.

Respirei fundo e pensei comigo. - É a minha chance!

Volta e meia, um pouco de descuido da vigilância paterna, passava da sala para a cozinha e da cozinha para a sala com entrada na dispensa onde tomava alguns goles da bebida na boca da garrafa.
No dia seguinte, acordei numa indisposição infeliz. Tinha perdido a festa e conseguido despertar o cuidado de toda casa devido aos efeitos da beberagem.

- Você bebeu muito vinho de maracujá, não foi?

Relutante entre o medo de ser castigada pela desobediência e a satisfação de ter alcançado o objetivo, balancei a cabeça afirmativamente.

- Não vai apanhar porque já sofreu o castigo de perder a festa mas vai perder sua vez de ir a feira (a ida a feira semanal na cidade vizinha era disputada pelas crianças que só eram levadas uma por vez).
Concordei de pronto com o corretivo; mas a ansiedade não me deixou esperar o sábado seguinte para constatar o efeito do plano executado.

Corri até a mesa de cabeceira do quarto dos meus pais, tomei o hinário e pedi a minha mãe:

- Mãe, olha se meu nome está nos hinos de Deus?

Um comentário:

  1. Muito boa. Eu, por minha vez, coloquei um caroço de feijao no ouvido para ver se nascia uma planta. Imaginava como ficaria lindo!!!!. Tomei uma surra apos a retirada da semente

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